segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Um dia comum

Hoje foi um dia que começou diferente, aliás, não muito diferente do que acontece a muita gente:
Domingo, dia 8 de fevereiro de 2009, acordo por volta das 9:30, levando, faço meu aceio e saio para buscar o bom pãozinho para o café da manhã. Sigo para a padaria a 3 quadras da minha casa com R$22,00 que recolhi do bolso da calça que usava no dia anterior.
A compra de pão, leite e outras coisinhas somaram algo como R$15,00 e o retorno para casa era tranquilamente pelas ruas do meu bairro quando sou abordado por um pedinte... rapaz aparentando uns 25 anos, bem apessoado e que usa em suas primeiras palavras um pedido de perdão por estar "me incomodando". Minha primeira reação foi de descaso, tentei sair daquela situação, mas algo me fez ouvi-lo... ele dizia estar perdido, não sabia o que fazer, que não tinha dinheiro para comprar um "marmitex"... enquanto falava, ele mirava os olhos para o outro lado da rua onde estava sentada uma moça com uma criança ao colo... naquele momento a voz dele embargou e os olhos começaram a marejar. Ficou claro que eu estava diante de um homem realmente desesperado, que estava envergonhado, humilhado.
O fato quebrou meu gelo e puxei do bolso o que restava dos R$22,00.
O rapaz agradeceu imensamente pela ajuda dizendo que queria pagar por essa ajuda de qualquer forma, mas eu, sem conseguir olhar em seus olhos, disse para que ficasse tranquilo e segui meu caminho ouvindo ao longe os agradecimentos que continuava a fazer.
Ao chegar em casa, coloquei as sacolinhas sobre a mesa, olhei para minha esposa contei-lhe o fato e pus-me a chorar copiosamente.
Eu me senti pequeno, fraco, revoltado, carente, impotente e mais um monte de sentimentos que borbulharam em minha cabeça por alguns instantes.
Eu não sei o que devemos fazer, se é que há algo que possamos fazer. Não sei se a sociedade realmente necessita dessas diferenças. O que sei que essas situações acontecem todos os dias aqui em São Paulo ou em qualquer outra metrópole do mundo, mas desta vez eu fui atingido e começo, mesmo que tardiamente, a achar que temos (ou eu tenho) que mudar algo, algo ainda a se pensar. Não poderei ficar parado.

Rogério Queiroz
NEQTAR.